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quinta-feira, 7 de julho de 2011

O melhor homem do mundo





O melhor homem que conheci
não era artista nem cientista
nunca pisou numa escola
só na escola da vida.

O melhor homem que vi no mundo
não era poeta nem filósofo
ganhou a vida com a força dos braços
mesmo quando o coração bateu mais fraco
marcou os passos
marca-passo
com suas chagas,
e seu coração com Chagas.

O melhor homem que vi no mundo não foi imperador
nem político,
nem líder religioso,
nunca venceu uma briga
porque nunca levantou a mão nem a voz,
estendeu a mão e o peito
e foi um pai perfeito.

Compartilhou os grãos de feijão
que plantou
no sertão,
e a farinha
que fazia
na sua casa
de farinha com o primeiro que pedisse guarida
ou
comida.

Chorou de medo
de ver a onça,
e teve orgulho de cabra-macho
de ensinar
que homem chora
e homem ama.

O melhor homem que houve no mundo
ganhou a vida
porque só fechou as mãos
pra segurar a enxada,
e fazer surgir da terra seca
da caatinga seca,
o pão de seus filhos,
e dos filhos destes
e de qualquer estranho que estendesse a mão.

O maior homem
foi Severino,
mas amou as letras e os outros homens.
foi humanista, sem ler Rosseau
foi Socialista, sem conhecer Marx,
e pacifista sem conhecer Gandhi
e mostrou a cada dia que a virude cativa mais que a espada
ou a bomba-atômica.


Amou,
e tratou o amor
como verbo intransitivo.

3 comentários:

Florisvaldo disse...

Parabéns pelo relato.

Siga os paços do seu pai.

Sinta orgulho de tudo que ele fez com a simplicidade de um roceiro que "fechou a mão para segurar o cabo da enxada".

Florisvaldo F. dos Santos
Cansanção - BA.

Unknown disse...

Olá Dr. Gerson
Estou com meu pais, muito emocionados porque encontraram uma foto de Tio Borges na internet - ele é irmão de "Pai velho" (Antonio), meu bisavo.
O meu pai (Sr. Fermino) te encontrou nesta semana no HU. Nós também viemos de Cansanção quando criança. A minha mãe é a Terezinha do Caduda e da Donana, pode falar para Marlucia da Nira e do Branco que elas se conhecem. Eu e uma das irmãs (Cida) trabalhamos na USP. Fico muito feliz de encontrar alguém que se orgulha de suas raizes. Parabéns. Márcia Ferreira (maferre@usp.br)

Salvador disse...

Olá Márcia, obrigado pelos seus comentários. Fiquei feliz em conhecer o Sr. Firmino e ter esse contato com as pessoas de nossa gente. Nós somos a nossa história, não é? Para saber onde queremos chegar precisamos saber de onde viemos, eu tenho muita alegria em saber de onde vim e dos valores que recebi. Vou atualizar o blog espero eu você continue acompanhando. Abraço