O melhor homem que conheci
não era artista nem cientista
nunca pisou numa escola
só na escola da vida.
O melhor homem que vi no mundo
não era poeta nem filósofo
ganhou a vida com a força dos braços
mesmo quando o coração bateu mais fraco
marcou os passos
marca-passo
com suas chagas,
e seu coração com Chagas.
O melhor homem que vi no mundo não foi imperador
nem político,
nem líder religioso,
nunca venceu uma briga
porque nunca levantou a mão nem a voz,
estendeu a mão e o peito
e foi um pai perfeito.
Compartilhou os grãos de feijão
que plantou
no sertão,
e a farinha
que fazia
na sua casa
de farinha com o primeiro que pedisse guarida
ou
comida.
Chorou de medo
de ver a onça,
e teve orgulho de cabra-macho
de ensinar
que homem chora
e homem ama.
O melhor homem que houve no mundo
ganhou a vida
porque só fechou as mãos
pra segurar a enxada,
e fazer surgir da terra seca
da caatinga seca,
o pão de seus filhos,
e dos filhos destes
e de qualquer estranho que estendesse a mão.
O maior homem
foi Severino,
mas amou as letras e os outros homens.
foi humanista, sem ler Rosseau
foi Socialista, sem conhecer Marx,
e pacifista sem conhecer Gandhi
e mostrou a cada dia que a virude cativa mais que a espada
ou a bomba-atômica.
Amou,
e tratou o amor
como verbo intransitivo.