Eram doces tempos aqueles tão duros e secos. Papai não tinha emprego certo, difícil se empregar naquela cidade, mas vez ou outra, com sorte muita, aparecia algum bico para completar a féria que a mãe recebia da prefeitura, funcionária pública dedicada. Naqule dia apareceu uma oportunidade bem boazinha: ajudar a descarregar um caminhão, uma carreta invocada, toda trucada, que trouxera mantimentos ao armazém. Descarregando aqueles sacos todos ganhava-se algum dinheiro para comprar meia-feira.
Era aniversário do Papai. Nina era muito pequena e não sabia de nada, mas Nino já sabia que data tão especial tinha chegado, combinou com Mamãe de darem um presente para ele.
Naquele ano o presente era um par de meias daquelas baratas mas eram bonitas e supimpas. Mamãe trouxe um papel colorido bem lindo e dividiu em dois pacotinhos, em cada um colocou um pé-de-meia – cada filho queria dar seu próprio presente.
Papai chegou cansado, suado, olhando pra baixo. Abriu a porta. Surpresa! Na sua perna direita pendurou-se Nino, na perna esquerda, Nina, esticando seus bracinhos pra entregar seus presentes. Papai nós te amamos, feliz aniversário!
Ele abriu os pacotinhos, sorriu, chorou e sorriu. Nunca na vida ganhara um presente tão bonito.